Este site utiliza cookies que facilitam a navegação, o registro e a obtenção de dados estatísticos. A informação armazenada nos cookies é utilizada exclusivamente pelo nosso website. Ao navegar com os cookies ativos consente a sua utilização.
10/06/2020
A comunidade cigana é originária da Índia, sendo que depois de uma invasão
islâmica, fugiram para o Médio Oriente e para a Europa, onde durante o período
das grandes guerras, foram perseguidos devido às grandes diferenças culturais, de
idioma e religião.
As primeiras notícias da presença de ciganos em Portugal, provenientes de
Espanha, datam da segunda metade do século XV, por volta do ano de 1512. Entre
os séculos XVI e XIX verificaram-se várias tentativas de erradicação total ou parcial,
bem como de sedentarização e integração cultural compulsiva deste grupo étnico.
Só em casos restritos os ciganos foram aceites e protegidos legalmente. É também
extensa a lista de penas que os governos da monarquia portuguesa levantaram
contra eles. Destacam-se, entre outras, o açoitamento em praça pública, o degredo
dos homens para as galés, o que poderia ser por toda a vida, o embarque forçado
de homens, mulheres e casais para servirem nas conquistas do Brasil e da África,
a proibição do uso da própria língua, a proibição do uso do traje e celebração dos
costumes tradicionais, a institucionalização de crianças para instrução e ainda que
pouco aplicada, a pena de morte.
A cidadania portuguesa só foi atribuída aos ciganos em 1822, quando passaram
a ser reconhecidos como portugueses de pleno direito, mas os ciganos ainda estão
muito longe de sentir na pele essa cidadania. Apesar de estarem em Portugal há
mais de 500 anos, o organismo do Estado responsável pela integração das
comunidades ciganas é o Alto Comissariado para as Migrações.
São considerados a maior minoria étnica do continente europeu e também a
mais perseguida, vítima de preconceitos, discriminação e maltratos. A sua presença
ao longo do tempo é inegável e mostra-se em várias manifestações artísticas, como
a música, a pintura e a literatura, mas a perceção da sociedade sobre este grupo
humano está permeada por uma série de preconceitos, influenciados pela incógnita
sobre a sua origem, o seu isolamento e a pouca recetividade em aceitar outras
normas de vida que não sejam as próprias.
Os estereótipos negativos que se criam em torno dos ciganos são consequência
daquilo que lhes foi feito no passado. Antropólogos e especialistas em relações
interculturais acreditam que a origem do preconceito contra as comunidades
ciganas possa estar relacionada com as profissões através das quais sobreviviam.
Historicamente, os ciganos lidavam, na Idade Média, com três ramos de ocupação
mal vistos pela sociedade. Eram então associados à indústria da “diversão”, como
músicos, dançarinos e adivinhos, da “morte”, como talhantes e do “lixo”, como
ferreiros que, por não terem acesso à matéria-prima, eram forçados a procurar
ferro-velho nos detritos.
Também o nomadismo é um fator apontado como motivo da desconfiança que
a sociedade alimenta em relação a este grupo étnico. A necessidade de deslocar-
se, geralmente em coloridas caravanas, para encontrar melhores condições de
vida, fez com que os ciganos tivessem um contato mínimo com o mundo “não-
cigano”.
Atualmente os ciganos estão a enfrentar um processo de mudança. Por um lado,
estão a aprender a lidar com a lei e com o facto de esta os defender e não apenas
os incriminar. Por outro lado, a quebra da venda ambulante, empurra os seus filhos
para a escola, em busca de melhores condições de vida no futuro, o que se traduz
numa maior abertura aos valores e costumes da sociedade maioritária.
Em Portugal, as tradições ciganas ainda estão muito vivas e para preservarem
uma cultura milenar como a sua, é necessário serem unidos e por esse mesmo
motivo tentam viver dentro da lei e da cultura maioritária, mas sempre defendendo
os seus valores.