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21/02/2020
O casamento é, para a comunidade cigana, uma das tradições mais antigas e veneradas, onde é depositado todo o encantamento e autenticidade desta cultura. Associado a uma festa longa e faustosa, o enlace neste povo é, antes de mais, uma tradição que respeita rituais, nomeadamente a preservação da virgindade da mulher. Desde novas, as ciganas são prometidas aos respetivos noivos. Geralmente, a escolha do marido é feita em função dos seus laços familiares e das suas condições económicas. As festas ciganas costumam durar um dia inteiro, e um casamento cigano segue o mesmo ritmo de eventos que podem durar dias. É uma festa bonita e tradicional onde predominam as cores e a alegria.
É uma questão de honra, para qualquer família cigana, casar os filhos de acordo com a tradição do seu povo. É por isso que o tradicional casamento cigano começa anos antes, quando ocorre o costume de prometer a noiva à família do noivo logo à entrada da idade na adolescência. Os ciganos procuram para tal casar os seus filhos com pessoas do mesmo grupo ou família, com quem exista um bom relacionamento, para que os laços familiares fiquem fortalecidos. No entanto, é ainda comum, antes da cerimónia da promessa, que os jovens enamorados se comecem a relacionar às escondidas até ao momento em que são descobertos e que os pais do noivo se encontram com os pais da noiva para o filho lhes pedir a mão da jovem em casamento. Este pedido formal, que se chama “pedimento”, é celebrado com uma festa para celebrar a futura união. No entanto, para antecipar a data do casamento, muitos casais ciganos fogem para longe da família, o chamado “fugimento”.
Manda também a tradição que os noivos não possam ter nenhum tipo de intimidade antes do casamento sendo por isso comum enviarem recados por outra pessoa, pelo que se costuma dizer que “namoram com os olhos”. Os homens ciganos não podem recusar um compromisso de casamento/namoro, somente as mulheres o podem recusar #dando cabaças".
Em outras épocas, o pedido de casamento era feito em volta da fogueira, onde se resolviam os dotes e todos os outros pormenores do casamento.
Os preparativos do casamento cigano começam por reunir os familiares diretos. Os mais novos enfeitam o arraial e o espaço onde irá decorrer a festa e os pais e avós dos noivos juntam-se para combinarem as compras e os gastos necessários.
A festa de casamento, que chega a reunir muitas centenas de convidados, dura habitualmente vários dias. O casamento é feito por norma ao ar livre, para se ver o céu azul, as estrelas do céu e sentir-se o vento no rosto.
Durante a festa é ainda comum a mulher cigana se apresentar com vários vestidos de gala onde predominam as cores e o requinte. Todos os convidados devem vestir roupas tradicionais e muitas jóias. A noiva veste trajes de gala e coloridos antes do vestido de noiva.
As madrinhas são quem assumem os gastos do bolo e toda a variedade de bolos e sumos, sendo que só podem ser madrinhas se também elas passaram pelo processo de casamento. As madrinhas juntam-se com as cestas enfeitadas das cores a condizerem com os trajes e carregadas de amêndoas, rebuçados e caramelos. Os padrinhos ficam com a responsabilidade de distribuir as bebidas durante a noite e pela manhã seguinte, por todos os convidados.
Para atestar a virgindade da noiva, é tradição recorrer a uma das mulheres mais velhas e respeitadas pela família, para o ritual da prova da virgindade. O ritual, do “lenço branco” ou “lenço nupcial”, é realizado num recinto fechado, onde só está autorizada a presença das madrinhas e mulheres mais velhas.
Os ciganos mais tradicionais dizem que a prova da virgindade é usada como uma forma de preservar a sua cultura, atribuindo a máxima importância a este ritual. Caso não haja uma comprovação da virgindade, o noivo é quem decide se fica ou não com a noiva.
No final do ritual, os noivos são levados para o recinto da música, onde são cantados cânticos de honra ao mesmo tempo que são carregados aos ombros pelos padrinhos.
Nesse momento, as madrinhas lançam sobre os noivos as amêndoas e os rebuçados e os padrinhos rasgam as camisas aos pais dos noivos e depois aos convidados de honra, como símbolo de alegria por a noiva ter mantido a tradição, mantendo-se virgem. É reconhecida assim, aos pais da noiva, toda a honra e valor pelo facto de a jovem ter cumprindo a tradição com os preceitos da cultura tradicional cigana.