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A voz dos Jovens Migrantes e Refugiados em plena pandemia de Covid-19

14/05/2020

Através de uma monitorização à distância, o projeto Nós com os Outros | Programa Escolhas 7ª geração, promovido pela Amato Lusitano – Associação de Desenvolvimento, tem promovido atividades multidisciplinares que incentivem os jovens à criatividade, ao pensamento critico e à aculturação. Esta interação pretende garantir a continuidade do trabalho já desenvolvido até ao aparecimento da pandemia, contribuindo para que os jovens mantenham o ritmo e continuem ativos durante os tempos de quarentena. No meio de desafios artísticos e atividades de várias áreas, garantimos um momento para dar voz àquilo que os jovens estão a sentir em relação ao isolamento e perceber que estratégias estão a adotar para que esta fase seja ultrapassada de forma leve e positiva.

 

 

 

 

A Rand, filha mais velha de uma família síria de cinco elementos, escreveu-nos a sua reflexão sobre como ela e a família estão a viver estes dias diferentes: “Nestes dias de isolamento, eu e a minha família estamos a tentar ser positivos. Estamos a tentar ultrapassar isto de maneira totalmente abstrata e perceber como será o mundo quando esta crise passar. Estamos a respeitar as regras e eu e os meus irmãos continuamos em isolamento social. Temos tido muitos momentos divertidos, momentos de partilha. Temos tido alguns momentos de ansiedade sobre como seguir as aulas online e eu, pessoalmente, estou preocupada com a possibilidade de conseguir isso com sucesso. Sinto falta de ver os meus amigos e todos sentimos falta das nossas vidas normais… talvez devêssemos ter apreciado mais a vida antes deste isolamento, não é?  Esta fase passe rápido e tudo melhore, que possamos assistir a noticias mais positivas. Eu e a minha família lamentamos por todas as pessoas doentes e que já faleceram com este vírus, esperamos que venham tempos de segurança para todos.  O sistema de saúde está a lidar bem com esta pandemia e a lutar contra ela. Esperamos que novas respostas surjam para que possamos usufruir de um novo sistema de ensino, à distância. O medo da minha mãe e do meu pai é que uma surja uma longa crise económica depois do vírus.  Medo que aumentem as taxas de desemprego e as pessoas passem a ter mais dificuldade em encontrar boas oportunidades de emprego. A minha mãe também tem medo que a segurança do país seja afetada. Tentamos dar-lhe algum otimismo. Espero sinceramente que esta crise e isolamento não durem muito mais tempo e que Deus cure todos.  Devemos manter-nos unidos pela felicidade e pela paz. O mundo já aprendeu que, em dias difíceis, não são os conflitos que resolvem problemas. Se nos unirmos e apoiarmos como seres humanos vamos superar, se Deus quiser, todas as dificuldades. Espero que nos ergamos desta crise com mais confiança e mais amor pelo outro.  Que tenhamos um pouco mais de força e fé no futuro, para todos, sem exceção. Espero que possamos curar todas as feridas e ganhar forças para superar as dificuldades que virão.”

 

 

 

A Ruby está em Portugal há cerca de um ano. Nasceu no Sudão e viveu mais de dez anos no Egipto. Canta, toca piano e está a aproveitar esta fase para poder passar mais tempo com a mãe: “Às vezes estar em casa é aborrecido porque não temos muito para fazer. Apesar de tudo estou grata porque posso tocar piano, posso pintar e fazer as minhas coisas favoritas. Quando sair de casa quero ver os meus amigos, sinto falta deles e da minha escola. Estar em casa é bom porque tenho mais tempo para estar com a minha mãe!

 

                                                          

 

 

 

 

 

O Lakhdeep está connosco desde o início. Habituados a estarmos juntos diariamente, a distância tem sido uma novidade para nós. Os irmãos do Lakh estão na India, ele está em Portugal com os pais a cumprir rigorosamente a quarentena. A pandemia suspendeu-lhe um objetivo, mas não lhe tirou o otimismo:

“Espero que vocês estejam todos bem e seguros, em casa. Para mim está a ser muito difícil ficar em casa porque eu nunca vivi uma situação destas na minha vida. Se não fosse o vírus, nesta altura estaria a terminar o meu estágio como Técnico Auxiliar de Saúde no Hospital. Infelizmente não pude acabar. Este objetivo teve que ficar de lado… para o meu bem, para o bem dos pacientes, para o bem de todos. Mas temos de pensar positivo: a saúde está em primeiro lugar! Agora em casa estou a fazer coisas novas, estou a aprender a cozinhar, a fazer desporto, ajudo a minha mãe, estudo coisas novas… claro, jogar também! Converso todos os dias com os meus amigos porque estar de quarentena não significa estar “longe” das pessoas. Eu noto que o vírus também trouxe coisas boas, o mundo está a mudar, nós estamos a mudar, estamos a seguir muito bem a regra de ficar em casa. Até os níveis de poluição estão muito melhores do que antes! Depois de tudo passar devemos tornar-nos pessoas melhores, respeitar os outros, respeitar os animais, respeitar o mundo! Fica bem, fica em casa!”

 

 

 

O Parayas está em isolamento com o pai. A mãe e os irmãos mais novos continuam na India. Apesar da distância física, permanecem ligados, juntos a viver esta experiência: “Passamos por tempos difíceis desde que o COVID-19 cruzou as nossas fronteiras e ouvimos muitas notícias sobre as repercussões desta pandemia. Temo-nos superado e aprendido novas formas de fazer as coisas (estudar, trabalhar, socializar etc). 
Estes tempos de isolamento deram-me a oportunidade de descobrir mais sobre mim mesmo. Tenho-me mantido ativo, tenho dedicado tempo à minha família, aos meus amigos. Tenho cozinhado receitas diferentes, tenho lido novos livros.  Comecei a fazer meditação, o que me tem ajudado bastante a manter a calma e a relaxar. Tenho visto novos filmes e as minhas séries favoritas. E tenho feito o mais importante: ficar em casa.

Sinto falta dos meus amigos, da minha escola e do nosso projeto.  Espero que estejam todos bem! Temos que entender esta situação.  Estamos todos juntos, nesta situação.  Temos que manter-nos em casa para continuarmos saudáveis, porque a saúde é realmente o mais importante.  Não precisamos de entrar em pânico, temos de ser positivos.  Vamos conseguir, tenho certeza que vamos conseguir! Obrigado!”

 

 

 

 

A Nour e a Amina são sírias e provavelmente irão ouvir falar desta pandemia na escola. Estão a viver esta fase, em casa, com os pais e os seis irmãos: “Sentimos muita falta da escola, sentimos falta dos amigos, de passear no parque… mas não faz mal, tudo vai passar rápido! Em casa fazemos os trabalhos da escola através do computador, falamos com as amigas, ajudamos a nossa mãe nas tarefas de casa.”

 

 

 

 

De Itália, um dos países atualmente mais afetados pela pandemia, a Aliccia deixou-nos uma mensagem de esperança: “Sê a mudança que queres ver no mundo… Estas bonitas palavras de Gandhi que fazem ainda mais sentido agora. Todos os meus dias aqui são diferentes. Todos os dias penso no bem que posso dar a este mundo maravilhoso, ao nosso mundo. Olhas pela janela, escutas o silêncio. Aquele silêncio maravilhoso que não ouvimos há meses e anos. Construímos mudanças. Uma nova mudança para um novo mundo. Gandhi apenas nos deu um empurrão, agora que estamos em movimento, não podemos parar.”

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