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26/05/2020
Desde sempre que existe a ideia que os ciganos não gostam de trabalhar e que preferem viver da assistência social em vez de procurar um emprego. Não se pode negar que algumas pessoas procuram viver dos apoios sociais, mas este fenómeno pode ser observado em qualquer grupo, independentemente da sua origem étnica ou social.
Muitos ciganos continuam a ser excluídos do mercado de trabalho devido ao baixo nível de escolaridade e de qualificação profissional e também devido à desconfiança e falta de credibilidade na sua capacidade para desempenhar funções laborais. Tudo isto conduz a situações de discriminação que dificultam a contratação de trabalhadores pertencentes a esta minoria.
Existem ainda constrangimentos à inserção profissional destas pessoas, derivados dos processos de socialização comunitária, como por exemplo o envolvimento nos acontecimentos familiares (casamentos e lutos) em detrimento do trabalho. As exigências do mercado laboral, por um lado e a estreita ligação à família, por outro, remetem a maioria dos membros da comunidade cigana a exercer atividades por conta própria, como por exemplo o comércio ambulante ou até mesmo outras profissões ancestrais que estão associadas aos ciganos como a cestaria, o negócio de animais, a tosquia, trabalhos sazonais, a latoaria ou até mesmo a quiromancia, especialmente no caso das mulheres.
As taxas de desemprego na Europa entre os membros da comunidade cigana é muito elevada, sendo que existem muitos fatores que contribuem para esta situação, tais como, a discriminação no local de trabalho; a rejeição numa entrevista por causa da sua etnia; quando conseguem alcançar um trabalho tendem a ser mais controlados ou monitorizados e muitos ciganos referem que não conseguem arranjar emprego onde esteja implicado o contacto com o público por causa da sua raça ou origem étnica. São diversos os casos de membros da comunidade cigana que, quando contratados, são forçados a aceitar baixas remunerações ou a deslocar-se entre regiões ou países em busca de emprego.
E é nas atividades pouco procuradas pela sociedade, como os trabalhos agrícolas, cuja sazonalidade obriga ao afastamento das famílias e comunidades, florestais e pecuários que, por vezes, conseguem encontrar ocupação. Esta situação empurra-os para a procura de atividades complementares, atividades que compensem as baixas remunerações de que auferem.
Os mercados e feiras são ainda procurados com alguma insistência, mas atualmente esta atividade pouco acrescenta a estes trabalhadores devido ao aparecimento das grandes superfícies comerciais. Tendo em conta as dificuldades encontradas pela comunidade cigana na integração no mercado de trabalho, são cada vez mais necessárias medidas e iniciativas que desconstruam os estereótipos, junto das entidades empregadoras e fomentem a compreensão e aceitação das exigências do mercado de trabalho alargado, junto das comunidades ciganas.