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24/06/2020
Há alguns anos atrás usava-se muito o “pedimento” entre crianças de etnia
cigana, muitas vezes ainda quando estavam na barriga das mães já se falava
em “pedimento” e durante o seu crescimento. E assim era o seu destino.
Muitos começavam a gostar do prometido e assim ia nascendo o amor. Noutros
casos isso não acontecia, mas mesmo assim era o seu destino, pois tinham que
respeitar a palavras dos pais ou dos mais velhos.
Só existe uma maneira para acabar os compromissos, através das “cabaças”
que só podem ser dadas pelas mulheres ou pela família da mulher. Já os homens
não têm direito a dar as “cabaças” e têm que aceitar as leis.
Os noivos não tinham autorização para estarem sozinhos ou sequer falarem um
com o outro.
Hoje em dia é completamente diferente, os noivos podem estar completamente
sozinhos, podem conversar, passear, podem fazer o que entenderem, menos ter
relações sexuais, pois enquanto são noivos o ato sexual é proibido na etnia
cigana.
Hoje em dia só as mulheres podem dar as “cabaças” aos homens, mas os
homens também podem pedir as “cabaças” às mulheres. No caso de elas não
os quererem, podem falar com a mãe ou tias para informarem que querem dar
as “cabaças” e assim estas são dadas à família do homem.
Atualmente já não se usa prometer as crianças em pequenas ou contra a
vontade dos jovens.
Hoje em dia as leis são diferentes. O homem se gosta de uma mulher, vai à
família dele e pedir para falar com a família dela e se ela gostar e aceitar, só
então é festejado o “pedimento”. Se a rapariga não gostar, a família do rapaz
aceita, pois não vão obrigar a rapariga a gostar.
Hoje em dia cada qual escolhe o marido ou a mulher que querem e são livres de
gostar de quem for.
Hoje em dia até já há pais que aceitam que os filhos casem com pessoas que
não são ciganos, mais ainda são poucos os que aceitam.
“Samaritana Marques, Mediadora Municipal e Intercultural”
Crónica do projeto InterCOOLturas - Mediadores Municipais e Interculturais (POISE-03-4233-FSE-000036) promovido pela Câmara Municipal de Castelo Branco em parceria com a Amato Lusitano – Associação de Desenvolvimento com o objetivo de apresentar de uma forma simplista as diferentes áreas que compõem o quotidiano do povo cigano e também algumas curiosidades.