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Atualmente a maior parte dos ciganos da Península Ibérica falam o português e
o espanhol, embora os mais velhos continuem a falar a língua romani, tratando-se
da expressão mais evidente da identidade cultural da comunidade cigana.
Estudos linguísticos confirmam que o romani é uma língua de origem indiana.
Ao longo de centenas de anos, os ciganos do sul europeu tentaram preservar a sua
língua original, mas a língua foi-se perdendo aos poucos, graças às perseguições
dos povos dominantes, que determinaram a sua proibição.
O romani é o único idioma não territorial que, até recentemente, se mantinha
ágrafo e era passado exclusivamente de forma oral, permitindo que ciganos de todo
o mundo possam comunicar entre eles, unindo assim todos os membros desta
comunidade.
A história, a cultura e a literatura cigana percorrem gerações, contadas
oralmente, de boca em boca. É uma cultura ágrafa, dado que se trata de uma
tradição oral, pois os ciganos não escrevem a sua história, nem a sua língua.
O termo “cigano” é uma expressão criada na Europa do Século XV para designar
os povos nómadas. O desconhecimento que as pessoas têm dos ciganos faz com
que sejam vistos de um modo estereotipado. Muitos motivos poderão estar na
génese desta particularidade, no entanto, uma das realidades inquestionáveis é
que todos nós, quase sem exceção, já testemunhámos situações em que a
aplicação do termo assume um caráter preconceituoso e discriminatório. Assim, o
termo “cigano” é considerado pejorativo na sociedade.
Em Portugal, por preconceito, o nome cigano é muitas vezes associado a
qualidades negativas. Esta razão deve-se ao seu antigo nomadismo, ao grande
apego que têm à liberdade e à forte tradição cultural que influencia a forma como se
relacionam com as instituições da sociedade envolvente.
Hoje, a expressão “cigano” é evitada, sendo preferida a expressão adotada por
vários movimentos de afirmação desta etnia – a expressão ROMA.
Distinguem-se pelo menos três grandes grupos:
▪ Os ROM que falam a língua romani e que são divididos em vários subgrupos,
com denominações próprias, como os Kalderash, Matchuaia, Lovara,
Curara, etc. São predominantes nos países balcânicos, mas a partir do
Século XIX migraram para outros países europeus e para as Américas;
▪ Os SINTI, que falam a língua sintó e são mais encontrados na Alemanha,
Itália e França, onde também são chamados Manouch;
▪ Os CALON ou KALÉ, que falam a língua caló, tidos como “ciganos ibéricos”,
que vivem em Portugal e em Espanha, mas que no decorrer dos tempos se
espalharam também por outros países da Europa e foram deportados ou
migraram para a América do Sul.